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sábado, 16 de junho de 2012

Nelson Rodrigues

Nelson Rodrigues

"Sou um menino que vê o amor pelo buraco da fechadura. Nunca fui outra coisa. Nasci menino, hei de morrer menino. E o buraco da fechadura é, realmente, a minha ótica de ficcionista. Sou (e sempre fui) um anjo pornográfico."
Nelson Rodrigues nasceu da cidade do Recife - PE, em 23 de agosto de 1912, quinto filho dos catorze que o casal Maria Esther Falcão e o jornalista Mário Rodrigues puseram no mundo. Os nascidos no Recife, além do biografado, foram Milton, Roberto, Mário Filho, Stella e Joffre. No Rio de Janeiro nasceram os outros oito: Maria Clara, Augustinho, Irene, Paulo, Helena, Dorinha, Elsinha e Dulcinha.
Seu pai, deputado e jornalista do Jornal do Recife, por problemas políticos resolve se  mudar para o Rio de Janeiro, onde vem trabalhar como redator parlamentar do jornal Correio da Manhã. Em julho de 1916, d. Maria Esther e filhos chegam ao Rio de Janeiro num vapor do Lloyd.
Haviam vendido tudo no Recife para cobrir as despesas de viagem, e tiveram que ficar hospedados na casa de Olegário Mariano por algum tempo. Em agosto de 1916 alugaram uma casa na Aldeia Campista, bairro da Zona Norte da cidade, na rua Alegre, 135, onde a família Rodrigues teve seu primeiro teto na cidade.
Nelson ia sendo criado dentro do clima da época: as vizinhas gordas na janela, fiscalizando os outros moradores, solteironas ressentidas, viúvas tristes, com as pernas amarradas com gazes por causa das varizes. Naquela época os nascimentos eram assistidos por parteiras de confiança e eram feitos em casa. Os velórios também eram feitos em casa, usava-se escarradeira e o banho era de bacia. Nelson registrava em sua memória esse cenário. Daí sairiam os personagens de sua obra literária.
Com o autor vivendo seu quarto ano de vida, um fato pitoresco: uma vizinha, d. Caridade, invade a sua casa e diz para sua mãe: "Todos os seus filhos podem freqüentar a minha casa, dona Esther. Menos o Nelson." Como ninguém entendesse a razão de tal proibição, ela afirmou: vira Nelson aos beijos com sua filha Odélia, de três anos, com ele sobre ela, numa atitude assim, assim. Tarado!
Aos sete anos, em 1919, pediu a sua mãe para ir à escola.  Foi matriculado na escola pública Prudente de Morais, a dois quarteirões de sua casa.  Aprendeu a ler rapidamente e era por isso elogiado por sua professora, d. Amália Cristófaro.  Infelizmente não era muito asseado e vivia sendo repreendido por ela.  O que, no entanto, causava espécie, era sua cabeça — desproporcional em relação ao tronco — e suas pernas cabeludas.
Em 1920 ocorreu um fato que, depois, se transformou num dos favoritos do escritor: o do concurso de redação na classe. D. Amália passou a lição: cada aluno deveria escrever sobre um tema livre. A melhor redação seria lida em voz alta na classe. Finda a aula, as composições foram entregues. A professora quase foi ao chão com o trabalho de Nelson: era uma história de adultério. O marido chega em casa, entra no quarto, vê a mulher nua na cama e o vulto de um homem pulando pela janela e sumindo na madrugada. O marido pega uma faca e liquida a mulher. Depois ajoelha-se e pede perdão. A redação, apesar do espanto que causou em todo o corpo docente, não tinha como não ser premiada, muito embora não pudesse ser lida na classe. A professora inventou um empate e leu a outra composição.
Nesse período, Nelson presenciou grandes discussões entre seus pais, causadas por ciúmes que seu genitor tinha de sua mãe. Influenciado por seus irmão mais velhos, passou a ter a leitura como passatempo, saindo rapidamente do Tico Tico para romances mais "pesados" como Rocambole, de Ponson du Terrail, Epopéia do Amor, Os Amantes de Veneza e Os Amores de Nanico, de Michel Zevaco, O Conde de Monte Cristo e as Memórias de um Médico, de Alexandre Dumas, os fascículos de Elzira, a Morta-Virgem, de Hugo de América, e outros mais. Mudavam os autores, mas no fundo era uma coisa só: a morte punindo o sexo ou o sexo punindo a morte.
Foi em 1919 que o autor descobriu o Fluminense. Foi o primeiro ano do tricampeonato do tricolor, muito embora nem ele nem seu irmão Mário Filho, posteriormente famoso como jornalista esportivo e que teve seu nome escolhido para ser o nome oficial do estádio do Maracanã, tivessem dinheiro para sair da rua Alegria e se deslocarem até Laranjeiras para ver o seu time jogar.
Consolidado seu prestígio junto a Edmundo Bittencourt, do Correio da Manhã, Mário Rodrigues junta sua família e muda-se para a Tijuca, fato que, na época, era mostra de nítida melhora de padrão de vida. Estávamos em 1922.
O autor seguia sua vida, sentindo a ausência do pai, sempre envolvido com a política e o jornalismo. No ano de 1926 foi expulso do Colégio Batista, na Tijuca, na segunda série do ginásio, por rebeldia. Nelson vivia contestando seus professores, em especial dos de Português e História. Foi, então, matriculado no Curso Normal de Preparatórios, na rua do Ouvidor, pois seu pai esperava que ele futuramente prestasse exames no famoso Colégio Pedro II. 
Para compensar a falta de contato com os filhos, Mário Rodrigues permitia sua ida ao Correio da Manhã para visitá-lo. Dizem que jamais sonhou em ter seus filhos jornalistas: as meninas seriam médicas, os meninos advogados. Afinal, a vida que levava não era nada fácil: nomeado diretor do jornal, meteu-se numa batalha entre Epitácio Pessoa e Artur Bernardes, o que lhe custou um ano de cadeia, em 1924. O motivo: denunciou que usineiros pernambucanos (eles já existiam!) haviam dado um colar no valor de 120 contos de réis à esposa do então presidente Epitácio Pessoa, d. Mary. Negando-se a fugir do país, ficou preso no Quartel dos Barbonos, na rua Evaristo da Veiga, no Rio de Janeiro. A partir da data de sua prisão o jornal que dirigia — Correio da Manhã —  foi silenciado pelo governo por oito meses.
Antes de seu pai ser preso, Nelson e família haviam  mudado para uma casa na rua Inhangá e eram vizinhos do hotel Copacabana Palace. Ali, aos doze anos, o autor aprendeu a nadar. Mas, aos poucos, à medida em que entrava na adolescência, foi sendo possuído por uma indolência melancólica, ficando depressivo, suspirando pelos cantos e dizendo: "Eu sou um triste!".
Durante o tempo em que esteve preso, Edmundo Bittencourt cortou o salário de Mário Rodrigues, dando à mãe de Nelson apenas o suficiente para pagar o aluguel da casa. Mário foi ajudado financeiramente, nessa época, por Geraldo Rocha (proprietário do jornal A Noite, concorrente do Correio da Manhã), sem o que sua esposa e a penca de filhos por certo teriam passado fome. Ao ser libertado, volta ao jornal e é surpreendido com a notícia de que não haveria mais um diretor permanente, cargo esse que detinha. Seria feito um rodízio de diretores. Mas pior do que isso foi o fato de tomar conhecimento de que Edmundo estava tentando se aproximar de seu desafeto Epitácio Pessoa. Mário, em carta desaforada, pediu demissão a Edmundo, dizendo que em breve voltaria para esmagá-lo. Daí surgiu seu próprio jornal, A Manhã.
Nelson inicia sua carreira jornalística em 29 de dezembro de 1925, como repórter de polícia, ganhando trinta mil réis por mês. Tinha treze anos e meio, era alto, magro e seus cabelos eram indomáveis. Embora fosse filho do patrão, teve que comprar calças compridas para impor respeito aos colegas de redação.

quarta-feira, 13 de junho de 2012

Cecília Meireles

Filha de Carlos Alberto de Carvalho Meireles, funcionário do Banco do Brasil S.A., e de D. Matilde Benevides Meireles, professora municipal, Cecília Benevides de Carvalho Meireles nasceu em 7 de novembro de 1901, na Tijuca, Rio de Janeiro. Foi a única sobrevivente dos quatros filhos do casal. O pai faleceu três meses antes do seu nascimento, e sua mãe quando ainda não tinha três anos. Criou-a, a partir de então, sua avó D. Jacinta Garcia Benevides. Escreveria mais tarde:

"Nasci aqui mesmo no Rio de Janeiro, três meses depois da morte de meu pai, e perdi minha mãe antes dos três anos. Essas e outras mortes ocorridas na família acarretaram muitos contratempos materiais, mas, ao mesmo tempo, me deram, desde pequenina, uma tal intimidade com a Morte que docemente aprendi essas relações entre o Efêmero e o Eterno.

(...) Em toda a vida, nunca me esforcei por ganhar nem me espantei por perder. A noção ou o sentimento da transitoriedade de tudo é o fundamento mesmo da minha personalidade.

(...) Minha infância de menina sozinha deu-me duas coisas que parecem negativas, e foram sempre positivas para mim: silêncio e solidão. Essa foi sempre a área de minha vida. Área mágica, onde os caleidoscópios inventaram fabulosos mundos geométricos, onde os relógios revelaram o segredo do seu mecanismo, e as bonecas o jogo do seu olhar. Mais tarde foi nessa área que os livros se abriram, e deixaram sair suas realidades e seus sonhos, em combinação tão harmoniosa que até hoje não compreendo como se possa estabelecer uma separação entre esses dois tempos de vida, unidos como os fios de um pano."

Conclui seus primeiros estudos — curso primário — em 1910, na Escola Estácio de Sá, ocasião em que recebe de Olavo Bilac, Inspetor Escolar do Rio de Janeiro, medalha de ouro por ter feito todo o curso com "distinção e louvor". Diplomando-se no Curso Normal do Instituto de Educação do Rio de Janeiro, em 1917, passa a exercer o magistério primário em escolas oficiais do antigo Distrito Federal.

Dois anos depois, em 1919, publica seu primeiro livro de poesias, "Espectro". Seguiram-se "Nunca mais... e Poema dos Poemas", em 1923, e "Baladas para El-Rei, em 1925.

Casa-se, em 1922, com o pintor português Fernando Correia Dias, com quem tem três filhas:  Maria Elvira, Maria Mathilde e Maria Fernanda, esta última artista teatral consagrada. Suas filhas lhe dão cinco netos.

Publica, em Lisboa - Portugal, o ensaio "O Espírito Vitorioso", uma apologia do Simbolismo.

Correia Dias suicida-se em 1935. Cecília casa-se, em 1940,  com o professor e engenheiro agrônomo Heitor Vinícius da Silveira Grilo.

De 1930 a 1931, mantém no Diário de Notícias uma página diária sobre problemas de educação.

Em 1934, organiza a primeira biblioteca infantil do Rio de Janeiro, ao dirigir o Centro Infantil, que funcionou durante quatro anos no antigo Pavilhão Mourisco, no bairro de Botafogo.

Profere, em Lisboa e Coimbra - Portugal, conferências sobre Literatura Brasileira.

De 1935 a 1938, leciona Literatura Luso-Brasileira e de Técnica e Crítica Literária, na Universidade do Distrito Federal (hoje UFRJ).

Castro Alves


Antônio Frederico de Castro Alves foi um importante poeta brasileiro do século XIX. Nasceu na cidade de Curralinho (Bahia) em 14 de março de 1847.
No período em que viveu (1847-1871), ainda existia a escravidão no Brasil. O jovem baiano, simpático e gentil, apesar de possuir gosto sofisticado para roupas e de levar uma vida relativamente confortável, foi capaz de compreender as dificuldades dos negros escravizados.
Manifestou toda sua sensibilidade escrevendo versos de protesto contra a situação a qual os negros eram submetidos. Este seu estilo contestador o tornou conhecido como o “Poeta dos Escravos”. 
Aos 21 anos de idade, mostrou toda sua coragem ao recitar, durante uma comemoração cívica, o “Navio Negreiro”. A contra gosto, os fazendeiros ouviram-no clamar versos que denunciavam os maus tratos aos quais os negros eram submetidos. 
Além de poesia de caráter social, este grande escritor também escreveu versos líricos-amorosos, de acordo com o estilo de Vítor Hugo. Pode-se dizer que Castro Alves foi um poeta de transição entre o Romantismo e o Parnasianismo. 
Este notável escritor morreu ainda jovem, antes mesmo de terminar o curso de Direito que iniciara, pois, vinha sofrendo de tuberculose desde os seus 16 anos.
 
Apesar de ter vivido tão pouco, este artista notável deixou livros e poemas significativos.

Poesias de Castro Alves:

- Espumas Flutuantes, 1870

- A Cachoeira de Paulo Afonso, 1876 

- Os Escravos, 1883 

- Hinos do Equador, em edição de suas Obras Completas (1921) 

- Navio Negreiro (1869) 

- Tragédia no lar 

sexta-feira, 1 de junho de 2012

O ETERNO RAUL SEIXAS

Tom: G
              

       C
Um dia, numa rua da cidade
   F
Eu vi um velhinho sentado na calçada
        G                              D
Com uma cuia de esmola e uma viola na mão
o povo parou pra ouvir
                                       E
Ele agradeceu as moedas e cantou essa música
Que contava uma história, que era mais ou menos assim

       A     D              A    D   E
Eu nasci há dez mil anos atrás
       A              D                        E
E não tem nada nesse mundo que eu não saiba demais

       D
Eu vi Cristo ser crucificado
   A               F#m
O amor nascer e ser assassinado
           E             E7
Eu vi as bruxas pegando fogo
                    A        A7
Prá pagarem seus pecados, eu vi
          D
Eu vi Moisés cruzar o Mar Vermelho
       A                   F#m
Vi Maomé cair na terra de joelhos
       E                          E7
Eu vi Pedro negar Cristo por três vezes
             A        E7
Diante do espelho, eu vi

      A     D              A    D   E
Eu nasci há dez mil anos atrás
       A              D                        E
E não tem nada nesse mundo que eu não saiba demais

          D
Eu vi as velas se acenderem para o Papa
        A                   F#m
Vi Babilônia ser riscada do mapa
           E                     E7
Vi Conde Drácula sugando sangue novo
                    A          A7
E se escondendo atrás da capa, eu vi

        D
Eu vi a arca de Noé cruzar os mares
        A                           F#m
Vi Salomão cantar seus salmos pelos ares
       E                            E7
Vi Zumbi fugir com os negros prá floresta
                    A         E7
Pro Quilombo dos Palmares, eu vi

      A     D              A    D   E
Eu nasci há dez mil anos atrás
       A              D                        E
E não tem nada nesse mundo que eu não saiba demais

        D
Eu vi o sangue que corria da montanha
        A                    F#m
Quando Hitler chamou toda Alemanha
         E                      E7
Vi o soldado que sonhava com a amada
                 A    A7
Numa cama de campanha
          D
Eu li os símbolos sagrados de umbanda
       A                       F#m
Fui criança prá poder dançar ciranda
        E                          E7
Quando todos praguejavam contra o frio
                    A      E7
Eu fiz a cama na varanda

(parada)

Eu nasci há dez mil anos atrás
e não tem nada nesse mundo que eu não saiba demais   (3x)

          D
Eu tava junto com os macacos na caverna
         A                          F#m
Eu bebi vinho com as mulheres na taberna
            E                      E7
E quando a pedra despencou da ribanceira
                     A             A7
Eu também quebrei a perna, eu também

             D
Eu fui testemunha do amor de Rapunzel
            A                      F#m
Eu vi a estrela de Davi brilhar no céu
        B7                              E
E pr'aquele que provar que eu estou mentindo
                  A      F
Eu tiro o meu chapéu

       Bb    Eb             Bb   Eb   F
Eu nasci há dez mil anos atrás
       Bb             Eb                       F
e não tem nada nesse mundo que eu não saiba demais  (várias vezes)



Raul seixas nasceu HÁ DEZ MIL  ANOS ATRÁS, como uma MAGIA DE AMOR . Viveu uma METAMORFOSE AMBULANTE, querendo descobrir seu OURO DE TOLO. Tinha vários sonhos. Por isso disse a todos que: TENTE OUTRA VEZ.  Raul seixas MOLEQUE MARAVILHOSO. Com toda sua coragem não tinha MEDO DA CHUVA. Gostava de ser MALUCO BELEZA, de andar com seu AMIGO PEDRO. Esse era mesmo o pai do rock nacional: RAUL SANTOS SEIXAS, baiano que gostava de rock. Elvis Presley foi seu ídolo. Assim segue sua Carreira de grandes sucessos como: À HORA DO TREM PASSAR, AGUA VIVA, GITA, GENTE, LUA BONITA, GERAÇÃO DA LUZ, SUPER HERÓIS, SOCIEDADE ALTERNATIVA, S.O. S, MOSCA NA SOPA, SAPATO 36, QUE LUZ É ESSA? EU TAMBÉM VOU RECLAMAR, SESSÃO DAS DEZ, TAPANACARA, TA NA HORA, OS NÚMEROS, PARANÓIA, ANOS 80 e tantas outras músicas que fizeram esse grande artista nacional.